Por Robson Fontenelle

Imagine o seguinte: hoje, com o isolamento horizontal, nossos funcionários estão trabalhando home office ou de férias. Há um prejuízo imenso, mas estima-se que em mais 15 ou 20 dias poderemos, quem sabe, começar a fazer o isolamento vertical com sucesso, riscos bem menores e sem futuros prejuízos porque a atividade econômica será retomada em até 30 dias. O prejuízo ainda terá sido é enorme mas teremos salvaguardado muita gente de adoecer logo no início e levar o sistema de saúde a um caos bem pior do que o que temos agora. Ainda assim estamos tendo tempo de montar alguma infraestrutura: quantos hospitais de campanha estão sendo criados e quantos respiradores estão sendo recuperados nesses últimos 20 dias? Quantos mais o serão nos próximos 15 dias? É essa a diferença. Porque se voltarmos agora com o isolamento vertical, como muitos querem, rapidamente o vírus vai contagiar um volume grande de pessoas que podem sequer receber tratamento ou ter respirador em caso de agravamento. Tudo porque o sistema não vai ter condições de atender. Em quinze dias o número de mortos poderá ser de milhares que poderiam ter sobrevivido ou não, mas que teríamos a chance de ter tratado. Nessa estatística podemos estar eu, você, o presidente, o governador, a apresentadora da Globo, o repórter da Band… Porque o vírus não vai escolher quem contagiar. Vai contagiar quem estiver dando bobeira na rua, circulando ou se expondo a ele…

Caso esperemos mais 15 ou 30 dias teremos prejuízo, mas será menor porque não teremos o mesmo número de afastamentos por doença, sua família terá menos custo com medicamentos, hospitais ou tratamentos, todos teremos menor risco de morte. O prejuízo, neste caso, será bem menor que voltarmos ao trabalho e abrirmos as lojas e enchermos os edifícios comerciais e as ruas de gente. Essa é a diferença entre aguentarmos mais um tempo de isolamento horizontal ou simplesmente partirmos para o vertical agora, antes que o sistema de saúde esteja melhor preparado.

Sabe, eu estou angustiado para caramba com isso tudo. Assim como a maioria dos empreendedores, tenho dívidas, contas do mês passado em aberto, tenho problemas, tenho gente esperando para receber salário, tenho colaborador sem saber se terá trabalho mês que vem. Ainda assim, sigo altivo e calmo, pensando que, a seu tempo, teremos políticas públicas para nos ajudar a sair desse caos. Mas em momento nenhum cogito colocar minha vida ou a de outras pessoas, incluindo meus colaboradores, em risco. Porque, neste momento, o estrago já está feito. Quebrarmos esse isolamento e o resultado obtido até agora é voltarmos ao ponto zero e prejudicar ainda mais lá na frente. Se está ruim assim, pode ficar pior caso os defensores do isolamento vertical forcem a barra. Independente de partido, de veículo de comunicação, de direita, esquerda, centro. Agora, mais que nunca o Ministro Mandetta tem que continuar e nós temos que manter o isolamento que está dando certo. Os resultados estatísticos de ontem mostram uma pequena desaceleração. Como os números refletem 12 dias atrás, significa que o remédio é amargoso mas é eficiente. Sejamos paciente e unidos. Estamos todos juntos nessa. E juntos somos mais fortes! Estejamos conscientes deste momento de hoje e do que nos espera em 15 ou 30 dias. Grande abraço e sucesso pra nós!

 

Robson Fontenelle é jornalista, publicitário, videomaker e professor universitário; mestre em Literatura e Cinema, pós graduado em marketing e em Gestão Empresarial. Foi diretor da ABEDESIGN regional Minas. Há 25 anos embarcou no empreendedorismo  e segue vivenciando seus altos e baixos. Sonha com um mundo melhor em que as pessoas pensem mais no coletivo que somente em si e alcancem um olhar ao outro invés de somente sobre seu próprio umbigo.